------ Final Fantasy Crystal Chronicles ------ Ring Of Fates (Nintendo DS)



Em Final Fantasy Crystal Chronicles, o primeiro título para Game Cube, me deixei levar pela cara infantilizada do game e por hora achei que não fosse gostar. Por sorte não foi o caso, joguei e gostei muito. Sem medo digo que este é um dos melhores RPG's para Nintendo DS. Dados técnicos:




Lançamento:  23 de Agosto de 2007 (Japão) 
 11 de Março de 2008 (EUA)
 20 de Março de 2008 (Austrália)
 21 de Março de 2008 (Europa) 

Desenvolvimento, Distribuição: 

Plataforma: Nintendo DS 
Gênero: Action-RPG 
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Quando se fala em Final Fantasy, a primeira coisa que vem à mente é a qualidade que começa desde seus enredos ou por seus belos gráficos independente da época. FFCC ROF impressiona bastante neste sentido, até porque se levarmos em conta a cara infantilizada da meta-série e o enredo menos complexo do título de estréia, podemos pensar o contrário. Vamos começar pelo  enredo que se passa muitos anos antes do título original:

"A presença sagrada do Grande Cristal é tudo o que protege o planeta do brilho sinistro da maligna Crimson Moon. Neste mundo precário, nasce um conjunto especial de irmãos gêmeos que compartilham poderes que se manifestam plenamente somente quando combinados. O destino promissor destes inocentes está em perigo, assim como a luz sedutora da lua ameaça conduzi-los ao erro. Cada destino é gravado em detalhes dentro do Grande Cristal ..."

Este é o trecho que você irá ler na capa traseira que lhe inteira mais sobre tudo o que lhe espera junto de uma CG inicial cujo foco são os personagens. Assistindo se capta a identidade de cada personagem e de alguns vilões, assim como podemos dar  uma breve espiada em algumas cenas importantes que desenrolam durante o game.

O enredo se passa milhares de anos atrás, durante a "Era de Ouro" citada no game anterior, onde as nações e tribos viviam em paz. Isto não é dito de maneira explícita, mas percebe-se que sim. De início tudo começa com Yuri e Chelinka novinhos observando seu pai cortando lenha. Tentam fazer o mesmo mas não dá muito certo. Meeth e Alhanhelm (seus mentores) dizem que eles precisam de mais experiência. Seu pai então menciona que somente com a união de ambas as forças conseguiriam, ao fazer isto conseguem cortar a lenha com um golpe muito forte. Como toda criança arteira (ou aventureiro) decidem ir atrás de um tesouro em uma caverna próxima onde o primeiro evento ocorre e tudo começa a desenrolar. Para não dar spoilers, paro por aqui. 

Como eu disse antes, ao vermos a sua cara mais infantil, as cores fortes e crianças como protagonistas, podemos pensar que será ralo. Nem de longe isso acontece aqui, ao contrário, estes detalhes nos proporcionam uma sensação diferenciada na esfera de fantasia do título. Chega a ser incomum e irônico, você joga a maior parte do tempo com um personagem de uns 12 anos acompanhado de sua irmã de mesma idade, se surpreendendo com a maneira em que o plot se torna complexo e emotivo. Existe até um senso de que utilizaram-se de elementos da mecânica quântica (Gato de Schrödinger.). Cenas e eventos em que se destacam o valor à família, companheirismo, traumas e amizade são alguns dos principais itens no cardápio. Como de costume na série principal, aqui também existe drama e reviravoltas, eventos que podem dar nó na garganta de marmanjos que se acham durões. 
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Personagens. Um dos elementos mais trabalhados aqui, Hiroyuki Saegusa junto de Toshiyuki Itahana fizeram um ótimo trabalho. Diferente do primeiro título não se cria o personagem, ele já é pré criado desde o início como a maioria dos RPG's eletrônicos. Yuri, Alhanalem, Gnash, Meeth são os personagens jogáveis e Chelinka apesar de ser um dos personagens principais infelizmente não faz parte do gameplay. 

Ao todo são quatro raças e um personagem correspondente à cada uma delas: 

Clavat: São algo semelhante aos humanos, neste título são warriors, os especialistas em ataque com espadas e outras armas de dano pesado. Possuem menos pontos de magia e SP (pontos usados em ataques especiais) porém HP e defesa altos.

Yuke: Eles ainda são uma classe de magos. Seres parecidos com pássaros que usam Staff's como arma. Podem liberar magia de ataque direto do cajado dentro de uma distância média, através da "Purple Orb" embutida no mesmo. Possuem baixa defesa, HP e ataque. Como magos seu poder de magia e SP são altos.

Selkie: Foram mudados para uma classe de Arqueiros. Possuem SP e ataque muito altos com HP e magia medianos. Sua defesa é baixa em contra-partida são os unicos capazes de utilizar "double jump".

Lilty: Mudaram de warriors para alquemistas. Possuem a habilidade de criar magicite (esferas mágicas de variado uso) em seus caldeirões. Podem utilizar hammers e maces para o ataque assim como... colheres.

O nível de interação entre eles é fenomenal e intrínseco ao enredo, muito mais que o título original. Some isto com uma quantia notável de voice acting, tanto in game quanto nas CG's. Para um portátil da época isso sem dúvida ajudou muito na criação, singularidade e atuação de cada personagem. Com certeza você dará algumas risadas do nervosismo de Meeth, o jeito nerd e politicamente correto de Alhanalem e a linguagem ao estilo neandertal de Gnash. Já Yuri e Chelinka apesar de algumas brincadeiras à parte, possuem foco no drama, valentia e no carinho pelos pais. Ainda falando nisso, destaco os vilões e bosses onde a maioria nos lembra vilões da série Ys, são grandes com um ponto fraco. Os principais antagonistas são uma mistura do típico vilão de Power Ragers com o Coringa.  Conseguiu-se pender pro lado fantasia infantil misturados a Tokusatsu, ainda conseguem ser insanos de uma maneira sutil, sem a típica apelação do vilão surtado. Para mim esse é um dos aspectos mais notáveis. 
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Em termos de jogabilidade, pode-se dizer que possui algumas poucas características de Hack N' Slash. Sendo um Action-RPG vai te lembrar de Zelda ou Ys, até porque estes também pisaram no portátil. Você simplesmente precisa espancar e lançar magias em seus inimigos até a morte (falando a grosso modo), se curando e planejando como qualquer RPG de turno, só que mais dinâmico. Dungeons, baús, e puzzles são elementos presentes. Se você é uma Turn-Based whore dispense logo de cara, pois aqui o que manda é o reflexo e ação acima de tudo. "Mas Final Fantasy não tem nada a ver com Action!"... aí é relativo.

Yuri e Alhanalem combinando magias 
Apesar de possuir um sistema intuitivo, temos mini tutoriais para esclarecer o os segredos da jogabilidade. Vale lembrar que quem te ensina as coisas é uma fofura de Moogle customizável que irá encantar as lindas leitoras do meu review. Por falarmos de um portátil bem mais avançado pra época, vários outros elementos dinâmicos foram inseridos ao gameplay para também aproveitar sua função "touch". Em certo ponto as coisas funcionam baseado nas habilidades especiais de alguns personagens: 


- Alhanalem usa de sua magia para que com a Stylus você trace o caminho por onde a mesma deve percorrer entre pilares, liberando novas passagens nos vários puzzles do game;
- Gnash é o unico que pode acertar alvos a distância com sua habilidade de arqueiro além de ser o unico a possuir pulo duplo;
- Meeth é uma espécie de bruxa e possui um caldeirão, entrando nele ela pode rolar pra onde quiser, atravessando e saltando lugares impossíveis para outros personagens. Também pode criar magicites em seu caldeirão;

O que é magicite? São esferas mágicas que se arremessadas explodem após um tempo, mas sua peculiaridade é como item principal para o uso de magias. Existem seis tipos: Fire, Thunder, Blizzard, Cure, Clear e Raise. Elas são adquiridas via alquemia por Meeth. Ao posicionar seu caldeirão na direção de alguns "geisers", algumas runas saem deles e caem em  seu caldeirão. Na tela inferior do portátil através da função "touch" você vai literalmente mexer seu caldeirão como um ensopado usando estas pedras para criar magicites. Determinadas combinações de pedras lhe darão magicite de Fire ou Blizzard por exemplo, enquanto que sua mistura pode resultar em uma "black orb" que não serve pra nada. Caso aconteça basta jogar fora o que não quiser, tocando e arrastando para fora de seu caldeirão com a stylus.

Estas esferas ficam em sua inventoria compartilhada com outros personagens e são consumidas após o uso. Todo tipo de item consumível em batalha (magicites, ethers e potions) é usado ao ser selecinado na tela inferior através da stylus e touch, pressionando e segurando o botão X, criando uma espécie de anel mágico, restando então direcionar esse anel no alvo desejado. Dessa forma você pode reviver ou curar seu parceiro assim como atacar um inimigo usando magias (com as magicites). Aneis magicos podem ser "travados" em uma posição ao apertar o botão L, isso te permite usar várias magias ao mesmo. Outra peculiariedade do sistema é que você pode combinar os anéis de mais de um personagem, posicionando-os no mesmo lugar e então liberando magias poderosas. Na prática é bem simples. 

Você ganha leveis e pode repetir dungeons. HP, SP (usados para ataques especiais), Power, Defesa e Magia são os atributos aumentados pelo grind. A experiência é distribuida de forma justa entre os personagens, o de maior level ganha menos e o de menor ganha mais. Todas as raças aprendem novas habilidades durante o aumento de experiência, assim como "charged attacks" (onde se usa SP).

Os equipamentos podem ser comprados ou forjados em qualquer loja do game. Você vai encontrar materiais e pergaminhos nas dungeons, levando tais itens junto do pergaminho você poderá criar mais de 300 diferentes armaduras, armas e acessórios. O mais interessante disto tudo é a possibilidade de ver seu personagem mudando drasticamente de acordo com cada novo set de equipamento, alguns até remetem a jobs da série principal como: White Mage, Samurai, etc. A mudança também varia de acordo com a raça (com direito a look de 360º em uma espécie de vestuário ao ar livre enfrente a cada loja). Uma novidade muito bacana que não era presente no primeiro game. Segundo o diretor Mitsuru Kamiyama em uma entrevista, este detalhe em particular foi o que ele mais gostou e aproveitou para dizer que a versão americana do jogo traria quests adicionais.
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Deixarei um demoplay e depois falaremos de gráficos e som:



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Gráficos não são nenhum problema no título. O Nintendo DS não possuia uma resolução gráfica tão boa quanto o PSP, ainda havia muito serrilhado e pixels bruscos, talvez o PSP se disfarçasse neste ponto devido a sua resolução Widescreen. Isso não impediu que algo muito além do esperado para a capacidade do portátil saísse. Tudo, desde as poucas CG's até o design de dungeons, bosses, personagens, inimigos e npc's possuem design muito bem feito. Apesar de ser bastante colorido não chega a ser apelativo. Criar algo que remeta visualmente ao estilo "contos de fada" mantendo o padrão de fantasia da série não é uma tarefa tão fácil. No fim a transição do GameCube para o portátil foi algo muito sutil e aceitável (mesmo possuindo um notável downgrade) ao ponto de não se ver muitas comparações técnicas por aí. O trabalho de Hiroyuki Saegusa e Toshiyuki Itahana ficou impecável para o sistema.

Se tratando  do Ds, maior parte das CG's são pixelizadas, logo não levarei isto como ponto fraco ou forte. A SQEX conseguiu escolher a dedo dois dos melhores artistas que eles possuem, resultando em uma animação gráfica excelente para a proposta do game. Ouso a dizer que (apesar de estarem em esferas diferentes) em alguns aspectos se assemelham ao trabalho em FFIX, pense apenas em algo mais puxado pro conto de fadas do que fantasia oldschool em si. Imagens:


Trilha sonora e voice acting são elementos que podem dar vida eterna ou destruir uma obra por completo. O  que ocorre na jonada dos gêmeos é o contrário. Apesar de pouco usado temos um voice acting bem encaixado de qualidade, assim como uma dublagem americana muito competente. 

As faixas deste game são bem variadas em termos de estilo de composição, algumas melodias se contrastam e ao mesmo tempo possuem essencialmente o mesmo estilo. Um exemplo interessante seria se escutássemos os temas de Rebena Te Ra e Bad Moon Theme, e logo depois o Sacred Crystal Theme que nos remeteria ao clima típico de um Final Fantasy com uma pitada de Alice no País das Maravilhas.

O artista por trás da OST foi Kumi Tanioka (que havia trabalhado no título de estréia). Nesta sequência cada nova melodia alternou muito possuindo notas e entonações mais emotivas, o que acabou por contribuir em grande parte na vitalidade da obra. Como bônus ainda temos Aiko compondo a trilha de encerramento "A World with No Stars" cuja melodia por si só completa a ideologia por trás de Ring of Fates.





Ainda não falei da função multiplayer, para terminar então vamos lá. Neste modo os jogadores podem criar seus proprios personagens e estes não possuem relação com os do story mode. Entretanto, com exceção de um Selkie feminino e de um Lilty masculino a aparência dos mesmos são quase identicas aos originais. Usando o mode de multi-card cada jogador contribui com seu personagem, também é possível usar esta opção com uma só pessoa. Usando o Moogle Trade mode via Nintendo Wi-Fi Connection podemos trocar Moogles personalizados entre players assim como trocar itens. Apesar de haverem ocasionais slowdows durante o processo, não comprometem a diversão.

Mas o que a gente faz nesse modo? Enche o amigo de porrada? Player Vs. Player sangrento me possua!?!!?! Basicamente tudo ocorre na cidade de Rebena Te Ra após o final do main storyline, a cidade está deserta e montros começaram a aparecer por todo lado e os cidadãos fugiram. Quanto mais áreas você limpa, mais pessoas voltam para cidade, até que se chegue no "final" onde ocorrem umas cenas novas. As pessoas não parecem lembrar do que ocorreu antes, somente fragmentos.

Neste modo ainda é possível vermos Yuri, Chelinka e seus mentores na vila. Gnash é mencionado e o mais interessante é ver Yuri falando sobre uma visão envolvendo o Miasma (primeiro jogo). A dúvida fica somente se Yuri foi para futuro, viu um outro mundo ou se sonhou.

Espero que tenha gostado e bom jogo.



1 comentários:

Unknown disse...

Ta aí uma coisa que não consigo explicar.
Sou amante de um bom RPG mas nunca animei em jogar Final Fantasy, e não sei explicar o motivo também.
Gostei dos gráficos, a história parece ser interessante, mas talvez seja um pouco de preguiça da minha parte pois existem muitos jogos dessa "sequencia" para que eu possa entender todo o contexto. Mas enfim ehehhee, adorei seu blog, espero que mantenha sempre acesa a chama do RPG, tento fazer isso no meu blog também pois o RPG parece adormecendo com o tempo... Quando posso faço postagens também sobre isso para que eu possa mostrar informações desse mundo "desconhecido" para mais pessoas, se quiser me visitar eu ficarei muito feliz! Sucesso ao seu blog!

www.memoriasdeumaguerreira.blogspot.com

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